O Ator

Na última postagem conversamos sobre três elementos sem os quais não poderia existir o teatro: ATOR – PÚBLICO – TEXTO.
Agora vamos analisar com mais detalhes cada um destes elementos, iniciando pelo ATOR.

 

“Pessoa que possui uma faculdade natural de imitação,
de expressão e de identificação com o personagem que representa numa peça teatral”

 

O ator nutre-se da peça, mas é ele quem empresta plenitude física e espiritual ao simples texto concebido pelo dramaturgo. Considera-se o ator um instrumentista que usa o próprio corpo. Voz, expressão, autoridade cênica – tudo ele conjuga, para alimentar o público. Uma vocação inata para o palco lhe é indispensável, sob pena de não convencer a respeito da autenticidade daquilo que transmite. Seu ponto de partida, sem dúvida, é o texto, a personagem que lhe cabe encarnar na peça.

O trabalho do ator consiste em identificação com o personagem. O que imita deve procurar imitar tão bem, que deixe no ar aquela dúvida: será que aquele homem/mulher é mesmo o ator(riz) ou é o personagem?
Assim, há um certo esvaziamento do ator para deixar entrar o personagem, papel que representa. Mas é claro que o ator(riz) continua sendo ele mesmo!

A representação da peça teatral está, fundamentalmente, na voz e nos gestos dos atores.

As mínimas ações e expressões dos atores podem transmitir ao espectador significados muito intensos, desde aqueles que ele perceberá com clareza até outros que se poderá dizer que são subliminares, porque o espectador não poderia dizer ao certo o que está afetando seus sentimentos. As vestes são importantes complementos representativos do personagem.

Estará em harmonia com o sexo, a idade, a classe social, a profissão do personagem representado, e refletirão ainda outras particularidades como seu nível social, pais e época histórica em que vive, clima regional, e, se requerido pelo drama, também a religião, a profissão, etc.

 

“…o ator também sempre povoa o mundo com o seu ser,
cuja existência tem a duração do espetáculo ou
da memória daqueles que o contemplaram”
(S. Magaldi)

 

Como haviamos comentado antes, o ator é um instrumentista, isto significa que ele faz uso do seu próprio corpo enquanto “instrumento de trabalho” (artísitico). E aqui é preciso falar de corpo total, inteiro, e não apenas voz ou braços e pernas! Isso porque o personagem exige do ator o seu inteiro.

CORPO    |    VOZ
PERNAS  |    BRAÇOS              -------------------->>>      EMOÇÃO
CABEÇA  |    ALMA

 

Através do seu corpo a personagem ganha a vida. Mas aqui se trata não de um corpo frio, material. Trata-se de um corpo consciente, aberto, semelhante a um canal por onde deve correr livremente a emoção do personagem.

 

Existem vários métodos e teorias sobre o ator e seu trabalho, em postagens futuras pretendo comentar sobre algumas delas, as mais usadas e conhecidas.

De que é feito o teatro?

Uma casa pode ser feita de tijolos, cimento, telhas, etc. O teatro (arte) só pode ser feito com a reunião de:

Qual o mais importante?

TODOS!

Algumas pessoas de teatro querem destacar ora o ator, ora o texto, mas na verdade esses elementos não podem ser destacados não podem sob pena de causar grande prejuízo à atividade teatral. Também o público não pode ser privilegiado. O texto precisa ser encenado (aquilo que vai imitar precisa do imitador), isto é, do ator(riz). Mas por sua vez o imitador/farsante precisa do que imitar! E se não houver quem assista essa imitação?

Portanto, os três materiais que constroem a arte teatral estão interligados. Um depende do outro e fazer teatro significa poder contar com a participação correta desses três, num processo de interligação.

Observação: Ator e público são materiais vivos. Texto é material… Vivo também! (não no sentido em que estamos acostumados a pensar, mas no sentido de que eles tomam vida no corpo do ator e na cumplicidade/participação do público).

E quando falamos que o público também participa neste “dar a vida” ao texto, queremos discordar de quem acha que apenas ao ator compete esta tarefa! Não! Não existe teatro sem que o público seja “cúmplice”, quer dizer, entre de uma forma ou de outra no jogo teatral. Quando se coloca uma barreira, separando quem assiste à imitação daquele que imita, temos qualquer coisa, menos teatro.

O TEATRO É UM CORPO SÓ:
ATOR-TEXTO-PÚBLICO.

Nas próximas postagens vou entrar em mais detalhes a respeito a cada um desses “materiais” vivos que formam o teatro.

Todo ser humano é um ator!

O ator ou atriz que conhecemos (de teatro, de telenovela, de cinema) são apenas pessoas que desenvolveram este espírito que lhes é próprio, fazendo disso uma ARTE.
Portanto, o teatro é uma atividade a mais que podemos desenvolver enquanto pessoas que vivem em sociedade. O teatro é algo que esta enraizado, plantado no mais profundo da gente. Não se pode falar de ser humano sem indicar o sentido lúdico (da brincadeira, do disfarce, da imitação, do sonho…).
Mas, por que o homem tem que disfarçar/imitar?
- Porque não nos contentamos com o que somos. Queremos a felicidade e percebemos que isto passa além do que somos. Queremos a felicidade e percebemos que isto passa além do que somos. Muitos já se falou sobre esta palavra “felicidade”. Mas sempre uma coisa fica clara: não há felicidade pra quem se tranca em si mesmo!
E podemos acrescentar;: somos seres incompletos, ou seja, não nascemos prontos. Estamos sempre em busca do que nos falta. O homem chega a ser homem quando consegue reunir seus “pedaços” espalhados por aí!

Exemplos:

- um rapaz fantasiado de M. Jackson;
- uma garotinha fantasiada de Xuxa;
- um “cabo-de-turma” dando ordens, igualzinho ao patrão;
(Aproveite este momento da leitura e pense em outros exemplos de imitação/disfarce)

Falamos que, apesar de todo ser humano ter esta capacidade incrível de imitar/disfarçar, existem pessoas que desenvolvem esta capacidade numa forma artística, quer dizer, ordenada, bonita. A estas pessoas dá-se o nome de ator ou atriz. Muito bem.

Mas isso é suficiente pra dizer que já temos teatro? (arte).
Não. Não basta saber que somos “seres teatrais” ou que desenvolvêssemos artisticamente esta capacidade. Só há teatro (arte) quando o homem toma consciência de que está imitando/disfarçando para um público.

E aqui já despontam dois elementos do conjunto teatro:

Alguém pode simplesmente “saber” que é um ser de teatro. Mas se não toma consciência (sentido de reflexão profunda) de que este seu “ser de teatro” envolve outras pessoas, que lhe assistem (público), não se pode dizer que haja teatro (arte).
Mas ainda falta um elemento no conjunto: o texto, ou seja, aquela pessoa ou animal, ou deus… que se quer conscientemente imitar de modo artístico, para um público determinado.

Então, teatro envolve:

Alguém que imita/disfarça (…imitador/farsante)	ATOR(RIZ)
Consciência	ATOR(RIZ)
Algo ou alguém que é imitado (ou “representado”)	TEXTO
Alguém que assiste a este jogo	PÚBLICO

 

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ __ _ _ _ __ _ _ _ _para refletir
|       
|        - Você consegue viver sem brincar, imaginar situações, imitar os outros?
|        - Quais os papéis que você mais gosta de representar no seu dia a dia?
|        - Qual a diferença entre ator(riz) e as outras pessoas?

Continuando o papo…

“…desde cedo o homem sente a necessidade do jogo,
e no espírito lúdico apareceu a incontida ânsia de ser “outro”,
de representar, de disfarçar-se a si mesmo e aos outros, aos deuses
ou assumir o papel dos animais que procura caçar para a sua sobrevivência”.

 

Vamos tentar trocar em miúdos esta definição do que seja teatro.
Em primeiro lugar vamos destacar algumas palavras que aparecem:

a) espírito lúdico – isso quer dizer, o homem é dado ao jogo, à brincadeira, ao lazer. Jogo neste sentido não significa jogo de azar. Usamos o sentido positivo da palavra. A necessidade de se divertir, de dar asas à imaginação… fugindo um pouco à rotinado dia a dia.

b) ânsia de ser outro – desde tempos primitivos, sentimos esta vontade irresistível de sair de nós mesmos. Não somos uma ilha! O que somos é fruto das relações que mantemos em sociedade. Não nos contentamos com o que somos. Queremos algo que não temos (ou julgamos não ter), e este algo pode estar nas outras pessoas (e por isso asimitamos), nos deuses ou até mesmo nos animais (como era o caso principalmente daqueles que começaram a fazer “teatro”).

c) disfarçar – imitando os outros, estamos usando de um “disfarce”, quer dizer: negamos o que somos e passamos a “disfarçar”, assumindo o jeito físico e até a personalidade de outros.

Então, O fazer teatro é, portanto, alguma coisa muito própria da gente. Faz parte do que somos. Neste sentido pode-se afirmar que:

TODO SER HUMANO É UM ATOR! 

Mas isso é assunto para uma próxima postagem, aguarde, e continuem acompanhando.

ABRAÇO! 

Começo de conversa…

“O teatro Elias Angeloni é bonito e espaçoso!”

“O teatro apresentado pelos alunos foi emocionante!”

Aqui temos a mesma palavra “teatro”, significando duas coisas: o imóvel, lugar onde se realizam espetáculos (que podem ser teatrais, de música, dança, e etc) e, num segundo sentido, a arte específica: teatro.

Teatro-imóvel	Teatro-arte

Podemos simplesmente falar de teatro como “uma simples plataforma ao redor do qual um grupo de pessoas se aglomeram para ver e ouvir o ator representar”.

Assim, ligamos o teatro-imóvel ao teatro-arte específica. Na origem da palavra grega THEATRON (verbo ver, substantivo vista) está muito presente a idéia de VISÃO. “E nele indispensável que o público VEJA algo, no caso o ator…”

 

------------------------------------------//------------------------------------------